Há certas reações a citações feitas de autores controversos que me fazem lembrar de uma história/sabedoria que li certa vez: dois religiosos caminhavam por estrada secundária e pouco movimentada, quando se depararam com uma ponte caída à raiz das fortes chuvas. Ali havia duas jovens com medo de atravessar o rio, porque a correnteza era forte.
Um dos sacerdotes propôs: vamos colocar as duas nas costas de cada um de nós e as carregamos para o outro lado. O outro retrucou enfaticamentre que seria pecado fazer isto. O proponente, sem pestanejar, carregou a primeira até ao lado oposto da margem, voltou e carregou a segunda e com ela atravessou também o rio.
Os dois religiosos continuaram a caminhada. Mais tarde, o “santo” perguntou ao “pecador” por que havia carregado as duas moças. O “carregador” disse: “eu carreguei e as deixei lá, você ainda as carrega na sua mente e fantasia”.
Penso nisto diante das reações que afirmam que tal ou qual pensador é um desastre, que sua obra é uma aberração, que ele era/é um frustrado, que o que disse ou escreveu não serve para nada. Eles carregam na memória e fantasias as obras que dizem devemos esquecer. Ao reagirem eternizam o que pretendem seja esquecido.
Marcos Inhauser
Nenhum comentário:
Postar um comentário