A vida me ensinou que há pecados que se acusa que o outro cometeu e todo mundo acredita e quem afirma não precisa provar e todo mundo crê. Acusam que alguém roubou, que adulterou, que é corrupto, que é comunista (se é que isto é pecado), que é ecumênico, etc. Trituram reputações com alegações nunca provadas.
Isto se dá com a acusação de que fulano ou cicrano é arrogante. Há, sim quem o seja. A leitura corporal, o nariz empinado, o peito estufado são gestos corporais que o denunciam. O exemplo mais recente disto é o Trump, símbolo maior da arrogância (ao menos na minha visão). Outro conheci bem, em uma festa de aniversário na casa de outra pessoa, quando a dona da casa fez menção para se levantar para servir, ele, de forma rude, a proibiu dizendo que o que estava falando devia ser escutado porque muito importante. Isto me foi contado pelo próprio arrogante. Ele, em uma mesa onde havia conversas paralelas à sua, batia na mesa e pedia que todos prestasse, atenção ao que ele falava.
Há o arrogante escritor, que se vangloria nos escritos que publica. Um deles afirmou que sua obra marcaria época no assunto que tratava. Um que acho arrogante é Nassim Nicholas Taleb, especialmente no seu livro “Antifrágil”.
Mas um tipo de arrogância atribuída (e todas são porque ninguém se afirma arrogante gratuitamente) que é feita por quem, tendo um vocabulário restrito e pouca capacidade de abstração e reflexão, acusa quem fala ou escreve de usar palavras “difíceis” ou de “falar coisas difíceis”.
Tenho constatado, para minha surpresa que, mesmo pessoas que frequentaram uma faculdade têm vocabulário restrito. A palavra “mais conceitual” ou menos encontradiça em publicações populares (especialmente revistas de consultório médico), se engasgam e, ao invés de dizer: “preciso aprender mais”, dizem que o escritor é arrogante”. Já engasguei leitores com palavras como litania, ocluso, obstar, apor, paxoxismo, apensado, inato, infuso, parresia e seu correlato parresiasta, e outras mais. Sou arrogante porque estudei, li, aprendi e uso o que aprendi.
Uma grande amiga, equatoriana, que foi secretária no departamento de missões com o qual me relacionava, recebeu uma carta do presidente de uma igreja de um certo país caribenho. Ele respondeu a carta com a seguinte expressão inicial: “Acuso o recebimento de sua carta do dia ...” A pessoa que recebeu a resposta armou um barraco e envolveu muita gente, dizendo que ela devia provar do que ela o acusava”.
Alguns dos meus críticos eu os conheço. Um deles, ao qual se pedia ao final de cada ano de trabalho como pastor que indicasse aos colegas um livro que tivesse lido durante o ano e que poderia ser de ajuda aos colegas. Ano após ano ele sugeria Bíblia e Confissão de Fé de Westminster. Nunca leu nada além disto.
Outros com quem convivi, nunca vi um livro em suas casas, nunca comentaram sobre uma leitura que estavam fazendo ou haviam feito, nunca compartilhavam algo que haviam aprendido ou estavam prendendo com a leitura de um livro. Quando se sentia desconfortável e ao ponto de mostrar sua fragilidade, mudavam de assunto.
Acabo de ver uma postagem de uma grande amiga, jornalista da mais fina cepa, que pedia ao pessoal do Facebok, que indicasse para ela algum livro que estávamos lendo. Sei que é uma leitora regular e constante e, mesmo assim, pede sugestões. Uma pessoa que merece respirto e elogios.
Marcos Inhauser
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