O Adão sozinho era uma excrescência. Deus viu que não era bom e decidiu criar a contraparte. O solitário é um ser perdido. Ele não se acha porque não tem o referente. O solitário é como o sujeito que se atira ao alto mar sem ter instrumentos que o orientem e não sabe se guiar pelas estrelas.
Todos temos a tendência de nos achar melhores do que somos. É um mecanismo de egoificação, onde a pessoa acredita ser ótima. Por não ter um referente, o solitário pode pensar o que quiser de si e não haverá quem o avalie e o faça perceber que não é tudo o que pensa que é.
É o outro/a quem o vê por inteiro. O solitário não se enxerga pela própria limitação visual e pelo domínio do ego sobre o ser. Quando há o referente, o/a outro/a olha com olhos diferentes e vê o que o solitário não vê. Eles têm uma visão mais próxima da realidade porque veem “de fora”.
O egoísta não gosta do/a outro/a porque o autoconhecimento é ajustado a uma realidade que o sujeito egoísta não quer aceitar. Costuma dizer ser melhor “lidar com gado que com gente” porque gente fala, avalia e coloca o seu “alto conhecimento” (o conhecimento exagerado de si mesmo) em um nível mais próximo da realidade.
O solitário é tendente à arrogância porque sem autoconhecimento não é fruto de uma produto plural, construção coletiva de avaliações.
Eu sou dono do mundo porque só eu existo!
Marcos Inhauser
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