10/07/2021

DEUS CRIOU O DIÁLOGO

Após a constatação de que “não é bom que o homem esteja só” veio a decisão de criar a “kenegdo”, a companheira que olhasse nos olhos e fizesse os que os animais nomeados por Adão não fizeram: responder à altura. Por isto ele é a “que olha nos olhos”, “a outra diferente e igual”, a “contrária igual”. Ela foi criada para fazer oposição saudável ao monólogo do solitário. Ela é a contraparte que avalia, observa, pergunta, discorda, negocia, busca o consenso. 

Por isto ela foi chamada “auxiliadora”. Foi posta por Deus para ser a oposição saudável, construtiva, edificante. Ela foi posta para ser a pergunta a ser feita quando a decisão monocrática está para ser tomada. Ela é o ponto de inflexão na decisão solitária.

Ao fazer a “kenegdo” Deus cria a diálogo. A essência da vida humana, porque não pode ser solitária, é viver em sociedade, em relação e isto implica, sempre, no diálogo. O ser social criado por Deus é também o ser comunicacional e só há diálogo quando há pontos de vista diferentes. 

Deus criou a diferença, o contraponto para que o diálogo houvesse. Não o contraponto ácido, amargo, que rotula, acusa, defenestra o oponente, mas o diálogo que troca conhecimentos e conhecimento, onde ambos são enriquecidos.

Ao fazer a auxiliadora há que, sem entender o seu papel, acha que foi posta como supervisora, fiscal, divina pomada para todos os remédios. O diálogo cúmplice positivamente constrói pela troca de informações e busca decisões aceitáveis por ambas as partes, sem imposição, mas persuasão.

Assim também deve ser o diálogo no campo mais amplo da sociedade e da política. Dialoga-se na busca de visões complementares. Quando, ao invés do diálogo vem a acusação, o rótulo, a ofensa, a mesquinharia, o plano do Criador é aviltado. Quando o diálogo cede às acusações de direita  esquerda, quando chama o irmão de esquerdopata, quando conceitos são rebatidos com ofensas, o plano criacional é achinelado!.

Marcos Inhauser

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