10/24/2021

A PALAVRA DÉBIL

Nada mais efêmero que a palavra falada. Falar é emitir pneuma (vento), um vento sonoro, que sai de dentro de uma pessoa, mas que morre assim for pronunciada. Ela tem prazo de validade mínimo. A palavra fala é irrecuperável (mesmo que se grave se ouça, a gravação não tem o mesmo poder que a fala original tem).

Gaiarsa traz ideias maravilhosas sobre este “expelir espírito” (vento=pneuma=espírito). Quando falamos, “ventamos” o espírito interior. Toda fala é reveladora. Por isto os profetas insistiam no “veio a mim a Palavra do Senhor dizendo”. Era a revelação feita pelo expelir espírito.

Com o Juan Stam aprendi, depois de uma pergunta que lhe fiz e 30 minutos de exposição, que o texto de que afirma que a Palavra foi inspirada, na verdade deveria ser expirada por Deus. A palavra no grego é “theopneustós” e se refere algo que foi “ventado por Deus”. Só uma fala saída de dentro pode revelar o que vai dentro de quem falar. Talvez, por isto, Jesus alertou: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” e que “boca fala do que está cheio o coração”.

Falar é dar-se a conhecer, é colocar o espírito para fora. O poder da fala, ainda que sua duração seja efêmera, está no fato de que ela sai como reveladora. Assim fez Deus, assim fazemos nós ao falar. Ele se revela e nós nos revelamos!

Marcos Inhauser

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ESTADO ESQUIZOFRÊNICO

Não é de hoje que falo, escrevo e protesto contra o Estado brasileiro nos seus diversos níveis. Há nele um aperfeiçoamento célere quando s...