A literatura sapiencial bíblica já ensina há milênios que “A resposta delicada acalma o furor, mas a palavra dura aumenta a raiva” (Pr 15:1). Este texto já mostra que a fala pode ser branda ou dura. Mas estas não são as duas únicas possibilidades.
Há todo um conjunto de acessórios à fala que a temperam com delicados aromas.
Um deles é o gestual, movimento que se faz com as mãos enquanto se fala e que assume intensidade de acordo com a fala, ou se acalma se a fala for mais branda. Aliado a isto há as expressões faciais, fundamentais para quem fala e para quem ouve. Muito do que a pessoa fala é melhor entendido prestando-se atenção à face, torcidas de boca, testa franzida, dentes cerrados, etc. De igual forma é a expressão corporal que muito acrescenta em sentido e intensidade ao que é falado. Há a leitura dos olhos, seus movimentos, sua conjunção com o movimento das pálpebras.
Acrescente-se a isto a questão tonal da voz, a altura da voz, a musicalidade, a velocidade. Sabe-se que as vozes mais agudas são mais irritantes “menos ouvidas”, as mais graves são “mais persuasivas e sensuais”, que o falar baixo “chega mais ao coração”, que a fala gritada “provoca a ira no ouvinte” (veja texto citado ao princípio).
O conjunto destes acessórios se chama metalinguagem ou metacomunicação. Conhecer, explorar e usar devidamente melhora em muito a capacidade de comunicação. Falar é mais que emitir sons, é um teatro onde corpo, mãos, face, olhos, volume, velocidade, ritmo jogam seus papéis, ora principais, ora secundários, mas sempre adicionando tempero à fala.
Marcos Inhauser
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