11/11/2021

AS LEITURAS FÍSICA E VIRTUAL

Há, basicamente, duas fontes onde lemos: a física (o livro, jornal, teses e revistas impressos) e a virtual (e-books, mídia de jornais, revistas, teses, etc.) Chris Meade, que utiliza vários tipos de mídia para veicular seu trabalho, traz esta reflexão: "pensamos no livro como a obra, mas o livro é apenas um mecanismo de entrega". Isto também se aplica a todos os outros meios, inclusive as postagens em blogs e redes sociais.

Nestes tempos de múltiplas formas de entregar ao leitor o que se escreve cunhou-se a expressão “transmídia”: aquela cujo enredo se desenvolve nas várias plataformas, aplicativos, livros digitais, games, quadrinhos, blogs. Os consumidores podem assumir um papel ativo no processo de construção do conteúdo. Elas permitem o surgimento de uma nova geração de escritores, levando-nos a perceber que não há um tipo de 'boa escrita', mas permite que pessoas compartilhem histórias e experiências (Natalie A. Carter). Isto leva a um outro posicionamento: “não importa o meio, é a história que importa" (Melissa Cummings-Quarry).

Um meio bastante usado nestes tempos de muito congestionamento é o áudio livro, que se pode “ler” sem ter o acesso direto ao texto. Outro que tem se popularizado é a leitura de resenhas para que se inteire do conteúdo lendo poucas linhas. É um condensado do livro ou tese.

Confesso que, tendo tomado gosto pela leitura lendo gibis, romances para adolescente e aventuras de viagens, tomei o gosto/vício de ter nas mãos o livro físico. Já tentei, muitas vezes ler o digital, mas, para mim, não é a mesma coisa. Brinco dizendo que o papel do livro é afrodisíaco e me leva a prazeres inesperados. Não leio livro emprestado porque só sei ler com lápis ou caneta na mão. À medida que leio, anoto, sublinho, adiciono minhas reflexões. Quando, passado algum tempo, volto a eles, reconstruo o mundo que imaginei na primeira leitura, sempre com adições na arquitetura.

Há um dado que a física não explica: nunca senti o peso de um livro que o tenho na posição de leitura, mas um notebook, tablet, Ipad, Kindle, ficam pesados. Eu me canso duplamente: com o peso e a necessidade extra de atenção.

Meu DNA não tem habilidades para a era digital, ainda que me esforce para atualizar e tirar proveito dela. No concerto da modernidade, com seus teclados e telas, sou um músico medíocre.

Marcos Inhauser

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