Já postei aqui que a palavra se torna Palavra na medida em que tenho com ela uma experiência vital e ela passa a fazer parte de mim e das minhas ações. Acerco-me ao texto, especialmente ao texto bíblico, com reverência e fé. Há uma dimensão dupla: experiencial no sentido de que meus sentidos estão focados no que tenho à frente: o cheiro do papel, a cor do papel e das letras, possíveis ilustrações, o peso da Bíblia, a encadernação, etc. Tenho diante de mim uma coisa palpável. É também uma experiência transcendental porque posso ter contatar-me com o Numinoso, o Transcendente.
“A vista nos conduz para fora da relação de fé, porque nos leva sempre a uma realidade que queremos captar e que nos orienta necessariamente para a prova. O que vemos implica uma possibilidade de prova. É exatamente o que Tomé pede e ao que Jesus responde. Tomé teve provas: o invisível, o tangível, o experimental estão estreitamente associados. Mas, onde há prova ou exigência de prova, existe outra relação além daquela suposta pela fé. Crer sem demonstração e sem nada para ver, porque se estabelece a relação de confiança com aquele que falou. A palavra só tem alcance se confio naquele que me fala. A veracidade da palavra não se prende nem a seu conteúdo objetivado, nem à coerência lógica, mas àquele que a pronuncia e neste caso não posso trilhar o mesmo caminho exigido pela vista. A Palavra para ser ouvida supõe a fé, mas a fé nasce da Palavra que me é dirigida. A fé vem daquilo que se ouve", diz Paulo.” (ELLUL, Jaques. A Palavra Humilhada. Edições Paulinas, SP, 1984, p. 77)
Quando me acerco do texto da revelação, posso e devo usar métodos e técnicas de leitura. Não fazê-lo é dar chances a que o texto me diga o que não está nele. Por outro lado, ao fazer a leitura com a mediação da fé, o texto pode saltar da realidade empírica do livro para fazer parte da minha vida. Paulo, escrevendo aos Coríntios disse que eles eram “a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos. Vocês manifestam que são carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações.
E é por meio de Cristo que temos tal confiança em Deus.” (2 Co 3:2-4).
O importante é ler, entender e vivenciar o que se experiencia com o texto.
Marcos Inhauser
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